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Características do produto
Características principais
Título do livro | Essa música |
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Autor | IVAN JUNQUEIRA |
Idioma | Português |
Editora do livro | EDITORA ROCCO |
Capa do livro | Mole |
Ano de publicação | 2014 |
Marca | Editora Rocco |
Outras características
Quantidade de páginas | 96 |
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Altura | 210 mm |
Largura | 140 mm |
Peso | 158 g |
Tipo de narração | Manual |
ISBN | 9788532529244 |
Descrição
Uma poesia medida, arquitetada, metro a metro, palavra por palavra, efeito por efeito. E desmedida em refletir, em tocar e provocar o leitor. Versos ritmados e envolventes regidos por um maestro da língua que, a partir dessa partitura lírica, brinda-nos com Essa música — livro póstumo e inédito do carioca Ivan Junqueira, consagrado jornalista, poeta, tradutor, ensaísta e crítico literário, que ocupou, de 2000 a 2014, a cadeira nº 37 da Academia Brasileira de Letras, sucedendo Joo Cabral de Melo Neto. Entregue pelo autor à editora poucos meses antes de falecer, o volume de poemas (escritos nos últimos anos, entre 2009 e 2013) trata justamente sobre um tema recorrente em sua obra, a morte — “É quando o corpo, enfim, se acaba” — e suas implicâncias no pensamento. Sejam a angústia — “Qual o tempo que me resta? — e/ou noço sobre sua inevitabilidade — “viagem da qual ninguém regressa.” Sejam as conjecturas sobre nossa existência — “Por que nos coube essa doença/ de sermos assim to efêmeros/ entre duas datas extremas:/ a da morte e a do nascimento?” Ou o dualismo entre a finitude do homem e a eternidade (misteriosa) — “Ento da vida foste embora?/ No: em ti começa agora.” Amante da (falsa) simplicidade de Manuel Bandeira — e “falsa” porque amparada por um conhecimento aprofundado da arte poética —, Junqueira foge ao hermetismo, caminho pelo qual, aliás, tinha implicância, e concilia a espontaneidade da fala com sua experiência como poeta e exímio leitor de poesia em versos fluidos, claros, que dialogam com o leitor sem anteparos — “Estamos indo embora. Passem o trinco nas portas/ e tranquem as janelas pelas quais rompia a aurora./ (...)/ Desliguem a luz (e o gás, seno tudo explode)./ Que fique o resto como esmola. Paguem um óbolo/ ao barqueiro que nos leva rio afora./ Estamos indo embora.” Em meio a reflexões — “É quase nada o que sabemos/ de nós, do que somos, do frêmito/ que nos empurra, débeis duendes,/ à cena ambígua da existência” —, questionamentos — “Haverá alguma saída/ para o tormento metafísico?” — e reminiscências de infância — “Quando eu fiz cinco anos,/ meu pai deu-me de presente um aeroplano” —, o livro traz metapoemas em que o autor reconhece a poesia como uma força criadora, maior que o poeta, e que dele se vale (como fonte, “domador”, “jóquei” e libertador) para existir — “No sou eu que escrevo o meu poema:/ ele é que se escreve e que se pensa”. Uma irônica inverso do intelectual que tudo que tentava dizer era verso, como já confessara na epígrafe, bebida em Ovídio: Et quod temptabam dicere, versus erat. Num tom melancólico, mesmo de despedida — “Dizer adeus é o mais difícil,/ o mais antigo e árduo suplício” —, Junqueira fala de muitas mortes: da infância, da inocência, dos parentes, dos amigos, do amor, da esperança, das expectativas/perspectivas, da ideia de imortalidade que toma a todos, de tudo, enfim, que no será lembrado, posto que o depois é um passo vago. E, assim, nesse percurso de outono, de galhos secos e folhas caídas mudando de tom — “Ando a esmo, absorto e sombrio,/ a alma entre os dentes, a vida/ por um fio” —, ele visita sua trajetória e os autores que o forjaram e enriqueceram como poeta: Castro Alves, Fagundes Varela, Blasco Ibáñez, Federico García Lorca, Stéphane Malarmé, Paul Valéry, T. S. Eliot, Charles Baudelaire — em especial, estes dois últimos, em cujas obras debruçou-se em esmerados e reconhecidos trabalhos de traduço. Escrito com “sangue”, e, portanto, segundo Friedrich Nietzsche, com “espírito”, Essa música traz a alma, em ampla acepço, de um poeta estudioso, dedicado e conhecedor, como poucos, do ofício do verso. Frente ao embate com a morte e as indagações existenciais, esta obra-prima de Ivan Junqueira lega-nos uma constataço: o homem, carne, se vai; mas o poema, arte, fica — “Depois é só vê-lo a galope,/ já sem ter ninguém a bordo./ Ele a sós, indo-se embora/ para o infinito onde mora.” E é no poema que o poeta vive. Viverá. Sempre. Indefinidamente.
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